segunda-feira, 17 de novembro de 2008

Lá vem Ela!

Senhoras e Senhores!

Veio nova fornada de informações, tão precisas e benéficas que só alegrarei os olhos que passeiam por aqui, curiosos em descobrir qual é dessa expectativa.
Eis que dia 02 de Dezembro vai ser inaugurada a fantástica (e tão esperada) exposição de "Rebobine, por favor", novo filme de Michel Gondry.

E, salve salve, já tem site oficialíssimo: www.rebobineporfavoraexposicao.com.br.
Esse humilde Blog manterá conexão de primeiro grau com o site. Cá depositaremos nossas opiniões, idéias e, evidentemente, as sinopses e comentários dos filmes realizados ali, ao vivo e a cores.
Tudo especialmente feito pra deixar qualquer fã sem unhas! E não vai durar muito: a exposição vai até dia 11 de Janeiro de 2009. Enjoy it.

Mas está chegando, paciência zen, daqui a pouco o MIS (Museu da Imagem e do Som) abrigará um delicioso espaço de processos criativos, interação e funções customizáveis ("customizáveis", no Houaiss é "verbo transitivo no sentido de personalizar produtos, configurações e processos de acordo com a preferência ou gosto do utilizador). Vai ter uns loucos que vão querer morar lá na quimera, sem dúvida.

Sites-monstros já estão divulgando informações e videos excelentes só pra deixar a rapaziada mais ansiosa. Abaixo, selecionei os top links, pra todo mundo surtar.
Essa, aliás, é de ficar boquiaberto: "Haverá dois workshops diários de aproximadamente uma hora e meia cada com grupos de até seis pessoas. Depois de aprenderem noções básicas de planejamento de filmagem, os grupos receberão uma câmera e poderão realizar um "filme" de até 20 minutos. No fim do processo, poderão assistir ao trabalho em uma televisão".

Aqui, quem espera sempre alcança. O espectador ansioso também conferiu o próprio filme na 32ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo, bem antes da película entrar em cartaz. Ansioso com sorte, afinal, era impossível arranjar um ingresso, pra qualquer das sessões apresentadas. Pobre ansioso azarado! Portanto, essa é de proporcionar boas notícias, mas também o pedido de paciência. O ansioso neurótico da modernidade sobrevive, já está chagando tanto exposição quanto filme. E atenção, pode ser que o diretor compareça.

Confira os liks:

http://cinema.uol.com.br/ultnot/2008/10/17/ult4332u892.jhtm

www.omelete.com.br/cine/100016180 /Exposicao_interativa_de_Rebobine__Por_Favor_vem_a_Sao_Paulo.aspx

http://www.cineplayers.com/noticia.php?id=2604

http://cineinfluencia.wordpress.com/2008/11/04/suecando-filmes-na-exposicao-de-rebobine-por-favor/

sexta-feira, 29 de agosto de 2008

Human Nature/ Science of Sleep

Incentivemos a estréia tardia de dois filmaços de Gondry: Human Nature (2001), com Tim Robbins e Science of Sleep (2006) com Gael Garcia Bernal. Human Nature é mais um daqueles roteiros lisérgicos de Kaufman, que você não sabe mais se é uma marionete de si mesmo, numa pergunta abismal do "quem sou eu" ou até "o quê sou eu e o quê isso significa?", mescla no caldeirão cinentificismo darwinista, iluminismo, lógica, desconstrutivismo, ismos. E mais uma vez o milagre do remedinho que evapora as angústias: agora o desejo humano. De primatas a macaquices criativas, esse filme tem que ser atraído aos cartazes nacionais!
Science of Sleep não foge do peixe-demônio que se pesca no lago límpido: fugas ao universo do sonho, maré escura do invisível.

quinta-feira, 28 de agosto de 2008

Extra!

Rapaziada, informação saindo do forno: o local da exposição será o Museu da Imagem e do Som (MIS), mas ainda não consegui descolar datas. Continuo na empreitada....

quarta-feira, 20 de agosto de 2008

A Exposição

De passagem por NYC, desencanei dos andaimes e das soberbas lojas high-tech e mergulhei de fato nessa experiência de fazer filmes no quintal.

Era a memorável exposição que acompanhou o lançamento do filme - e que ouvi dizer está chegando em sampa!!! - uma louca viagem pelo processo criativo e prático da produção de um filme nunca antes vista – e principalmente: vivida.

Imagine você fazendo seus próprios filmes? Pois é, só que nesse caso, é do jeito que Jack Black e Mos Deff fizeram no filme “Be Kind Rewind”, terceiro longa de Michel Gondry: com muita imaginação e poucos recursos.

Depois de visitar a aconchegante lojinha de VHS do personagem de Danny Glover na entrada do museu (cenário original como alguns dos fornecidos pela produção), navegamos em cenários charmosos de uma cidade montada e começa a diversão: inventar sua história com uma câmera por toda exposição. São duas horas de uma verdadeira aula audiovisual.

Há em suas mãos inúmeras ferramentas:
os figurinos malucos de sucata do filme, como o cano gigante saindo da roupa cintilando de papel alumínio dos Ghostbusters, cenários girados por manivela para simular se você está filmando a noite ou de dia (quem vai criar isso é você), outra manivela também para fazer o trem parado da maquete “viajar” pela paisagem giratória (se sua personagem for fazer uma viagem, por exemplo), uma barraca de acampamento com uma fogueirinha de verdade pra você continuar a história no meio de uma floresta, um consultório médico – quem sabe lá você não inventa a cura para todos os males...

O espaço permite que as pessoas, em grupos, criem seus próprios filmes de verdade com uma câmera amadora. A aventura fica por conta de sua própria fantasia: desde montar a idéia, vestir o figurino e dar uma de diretor.

Seguindo um mapa que nos guia passo a passo por como criar uma história, passamos pela definição do gênero, título, narrativa até você concluir a história que se passa nos mais de 10 cenários, incluindo um café, um quarto, um fusca parado na porta de um prédio... Que tal pegar seu fusca de noite, estacionar numa estação de trem, pegar o trem e ir acampar na floresta? É só um mero exemplo das histórias que você pode bolar. Um verdadeiro estímulo a quem ama fazer filmes em casa ver como é fazer filmes na prática!

Ao desenvolver as cenas e grava-las, você edita tudo já no rec e pause da própria câmera, sem ilha de edição – hora ideal para falar seu “corta!” e “ação!”.

Depois de toda parafernália seu vídeo fica sendo exibido na galeria. Imagine só chamar a galera pra sua sessão de filme trash-cult à la Michel Gondry. Desde o começo até o final, a diversão é garantida.

Queria saber mais detalhes dessa história da exposição vir ao Brasil. Alguém sabe quando e onde? E será que Gondry vem também? Quem tiver mais informações, que se manifeste!!! Afinal, ter uma exposição dessa no Brasil me faz até ficar emocionado...

Estes videos que achei sobre a exposiçaõ em NY podem te dar uma idéia de qual mágica é a experiência:


UOL:




GLOBO.COM:

Be Kind, Rewind – o filme


Como no mural repleto de recortes coloridos de “Brilho Eterno”, o diretor nos traz agora um filme mais “acessível”. É a espetacular comédia “Be Kind, Rewind”, filme escolhido a dedo para encerrar o festival de Berlim deste ano.

Ouvi dizer também que o título escolhido para o lançamento do filme no Brasil é “Rebobine, Por Favor”, tradução literal do título em inglês, o que achei ótimo, visto o festival de nomes bizarros que as pessoas inventam para filmes geniais...

Aqui o tema da memória regressa - só que desta vez não é o homem que se perde nas próprias lembranças como no primeiro filme do diretor ( Brilho Eterno de Uma Mente Sem Lembranças), mas sim as anciãs fitas VHS de uma remota video-locadora americana que perdem toda a gravação de seu conteúdo.

Declaração de amor pelo cinema, o filme capta a vida monótona de uma cidade pacata no interior dos Estados Unidos – Pasaic, em New Jersey, que busca, no fundo, um ensejo para viver.

Os dois protagonistas, um simpático Mos Deff e um incorrigível Jack Black (em interpretação de cair o queixo) se conectam numa maluca dupla dinâmica para reparar o erro das fitas da loja do personagem carrancudo de Danny Glover.

Tudo isso porque Black fica “magnetizado” de forma ridícula, entra na loja e sem muito porquê estraga e deleta todo o conteúdo dos tapes. A dupla resolve então criar uma produtora nova: refazer todos os filmes com uma câmera amadora e deixar para ser alugada sob o título-filtro de “Swede” (só vendo pra entender).

Lá vão os dois refilmando Ghostbusters, Robocop, 2001, King Kong. Essas re-interpretações dos filmes que dão charme de criatividade presente no trabalho inventivo do diretor. A maneira de produzir essas mega produções de Hollywood como se qualquer pessoa pudesse fazer em seu próprio quintal é deslumbrante. Cena de King Kong subindo um prédio? É caixa de papelão, e o gorila é um ator com um pára-choque de carro de brinquedo na cara simulando a boca do gigante. Cena do astronauta andando a 360º na nave em 2001? É um cano velho de esgoto girando com a câmera. Robocop? Recheiam Jack Black de latas e alumínio. Conduzindo Miss Daisy? Prepare-se para se esborrachar de rir com o que eles fazem.

A criatividade (e a simplicidade) toma conta de jeito saboroso, até a partir da metade, por conta de uns assuntos jurídicos, ser feito um filme independente sobre a biografia do grande jazzista Fats Waller. Juntam um bairro inteiro para fazê-lo, oferecendo inestimável motivo na vida de cada pessoa destinada ao fracasso e à inexistência (a atriz Mia Farrow representa a própria “pessoa esquecida” pela vida, espelhando sua própria carreira – atriz esquecida fazendo mulher esquecida).

O resultado é um filme dentro do filme, marca de Gondry, e aqui o filme-sucata vira cult de verdade. Projeção que atravessa a janela, projeção de vidro,que encanta qualquer pedestre morrendo de pressa. “Rebobine, por favor” faz você rebobinar certos conceitos de sua vida. Revendo conceitos e percebendo que talvez você deva dar um pause em todos os seus problemas, rebobinar tudo, apertar play e finalmente ir forward. Num mundo tão rápido como um DVD que você pula de cena a outra num botão, talvez levantar e achar a cena certa apertando pra frente e pra trás seja a poesia necessária para o nosso filme.

Fique esperto com a data de lançamento do filme por aqui, ainda não anunciada, mas prevista para outubro: assim como todos os filmes de Gondry, imperdível!! O trailer eu já coloco aqui para vocês, e também uns videozinhos que achei na internet das versões “sweded”. Divirta-se!!


TRAILER OFICIAL:




VERSÕES SWEDED:

GHOSTBUSTERS


ROBOCOP


RUSH HOUR 2

Michel Gondry - o arqueólogo da criatividade


A ilusão de ótica desse mago das imagens é atração que emociona. Sabe quando você fica de madrugada apertando o controle remoto da televisão e de sopetão se depara com aqueles clipes inesquecíveis que você pensa: “nossa, quem foi o louco que inventou isso” – as imagens alucinantes acompanhando o “Human Behaviour” de Björk, aquela bateria que anda na rua dos White Stripes, a trip irada com aquela múmias dançando no “Around the World” do Daft Punk, as histórias fenomenais dos clipes do Chemical Brothers como “Let Forever Be” – em que você vê as imagens se colando a outras dimensões, mosaicos impressionantes, coreografadas com perfeição e efeitos especiais clássicos, nada de muito universo digital.

Saiba dessa: esse louco tem nome. É o diretor francês Michel Gondry, um sujeitinho magrinho e branquelo, típico francês ruivinho de cabelo bagunçado, com aquele olho esbugalhado e pernas cruzadas numa cadeira de um café. Vendo um cara assim na rua jamais seria possível imaginar a psicodelia criativa de sua mente. Nada de julgar livro pela capa! Nascido em 1963 em Versailles, França, a cidade do palácio do rei Luís XIV, o diretor começou a carreira como pintor e inventor – taí uma pista para sua inventividade prática evidente em suas cenas.

Na juventude estudou numa escola em Paris onde pôde desenvolver suas idéias gráficas e montar uma banda pop, o “Oui-Oui”. A banda lançou um par de álbuns até cindir por desconhecidas razões em 1992. Baterista da banda, o ruivo despertou para gravar os clipes esquisitos do grupo, baseado em imagens da infância e a década de 60. Asteróide que voou com um foguete. Literalmente não parou mais de dar asas à imaginação.

Junção química entre criatividade e simplicidade, esse cientista maluco amarrou barbantes nos dedos de Björk para enquanto ela tocasse piano, tintas de uma cor para cada nota esparramassem num cilindro giratório, formando figuras num mosaico absurdo.

Num clipe doideira do Beck, projeta-se na parede de um apartamento limpinho uma galera pirada bagunçando e sujando como se estivessem lá de verdade. A sensação é estranha e chocante.

Depois é claro que os grandes nomes da música queriam essa mente brilhante nos seus clipes mais que originais. A lista é malha fina: Rolling Stones, Beck, Radiohead, Paul McCartney, Foo Fighters, Devendra Banhart, The Vines, Kylie Minogue, entre outros monstros sagrados da cena musical. Se colocarmos de lado os clipes de qualidade insuperável, Gondry é o mais premiado diretor de propaganda do mundo: é obra de arte seus trabalhos para Motorola, Levi’s (lembra da camisinha no bolso?), Air France, etc. Mas não se interrompe aí: o cara é diretor de cinema.

O repertório inclui uma produção desde a década de 90: curtas-metragens raros como “One Day” (2001)e “La Letre” (1998).

Seus longas também não têm um fácil abecedário. É sempre coisa dentro da coisa, metalinguagem infinita como um espelho frente a outro - um amontoado de idéias explosivas espalhadas em duas horas de charadas ao espectador. A cabeça sai pulsante do cinema – e nem sempre satisfeita com a resposta. Nesse entrelaçado de lampejos, nada mais combinaria tanto quanto pegar um roteiro de Charlie Kaufman – o gênio atormentado dos roteiristas de Hollywood, escritor do complexo cult “Quero ser John Malkovich”. A parceria começou em 2001, quando lançaram “A Natureza Quase Humana”, ficção que ficou fora do circuito comercial e do sucesso.

O chicote estalou mesmo quando esses dois cabeçudos inventaram a repicada história de “Brilho Eterno de Uma Mente Sem Lembranças” (2004), filme desmiolado que só os espertos e atentos captam a mensagem enigmática.

É de fato preciso estar antenado para se sintonizar com o caminho de suas idéias. Sempre utilizando uma belíssima fotografia colorida completada pelas fantasias malucas das personagens e os objetos de cena surreais (cama de casal na praia?), é marcante sua relação entre fantasia de criança, cola, papel, tesoura, capa de superman e muita carga emocional de adulto: pessoas fracassadas, derrotadas pelo peso da realidade. Essa contradição faz o assunto pesado ser tratado com sublime leveza e atmosfera onírica.

Em 2006 lança o filme “Sonhando Acordado” com Gael Garcia Bernal, do qual mistura outra vez sonho e realidade, surrealismo com lógica, e o próprio personagem vive numa linha delicada entre o concreto e seu inconsciente. E o fator sempre presente em seus filmes: a busca pelo mundo, a busca de como se encaixar no sistema. Pena completa: o filme não foi lançado no Brasil, nem em DVD.

Alvo de ensaios literais, no livro “A Ciência do Sonho – a imaginação sem fim de Michel Gondry”, de Marcelo Rezende (Alameda Editorial), Gondry cabe como uma luva nessa conclusão: uma originalidade que “está no modo como escolhe e se apropria de um imenso repertório e imprime seu nome sobre ele: o cineasta cria uma tela na qual alguma coisa está realmente acontecendo, algo que excita a mente”.

LINKS:

SITE GRINGO DO FILME

SITE OFICAL DO DIRETOR (ainda em construção)

ENTREVISTA PUBLICADA NA FOLHA DE S.PAULO EM JANEIRO

FÃ BLOG

CINEPOP - "REBOBINE, POR FAVOR"

E-PIPOCA - "REBOBINE, POR FAVOR"

REVISTA CINÉTICA - "SONHANDO ACORDADO"